Uma carta para todos os Precistas, estudantes da EEEP
Alan Pinho Tabosa, meus amigos e minha grande família Brasileira,
Há uma palavra em português que é única e
também poderosa- SAUDADES. Eu nunca
entendi nem tive experiências com saudades nos Estados Unidos. Nossos pais nos criam para sermos
independentes e fortes. Mas, aqui, nesse
momento eu já estou sentindo saudades de vocês- meus amigos, colegas,
estudantes e guias.
Já está na hora de retornar aos Estados
Unidos, mas eu nunca vou lhes deixar, abandonar ou esquecer. Simplesmente, mesmo eu não morando aqui, meu
coração vai ficar aqui com vocês. Vocês
me ensinaram paciência, dedicação, solidariedade, amor e perseverança. Nós falamos bastante sobre nossas histórias
de vida, e agora todos vocês fazem parte da minha história. Para sempre, vocês vão ficar comigo.
Quando eu ouço as crianças rindo eu vou
lembrar das vozes da Natalia e da Lucinda.
Quando eu vejo meninos nas ruas dançando eu vou me lembrar do Mateus,
Francisco e Janderson. Todas as vezes
que eu falar sobre Aprendizagem Cooperativa eu vou lembrar do forte exemplo da
turma acadêmica. E quando eu vejo
adolescentes desobedientes eu vou me lembrar do exemplo da turma de informática
que sempre me mostrou respeito e maturidade.
E quando eu me sentir sozinha eu vou pensar nos dias quando Litelton,
Natiane, Vitoria e Janilson e muitos outros sentaram comigo durante o almoço.
Quando eu começar um novo emprego eu vou
lembrar dos professores e funcionários da EEEP Alan Pinho Tabosa. Eu sei que eu nunca vou trabalhar com uma
equipe igual a vocês. Vocês são anjos
pra mim- sempre me ajudando e apoiando.
Obrigada!
Quando eu me sentir desmotivada eu vou
lembrar de todos os Precistas que pegam o ônibus às 10 e meia na sexta à noite
para voltar às suas comunidades e dar aulas, compartilhar experiências e
desenvolver projetos sociais. Eu vou
lembrar de como vocês nunca desistiram porque juntos vocês sempre alcançaram
seus sonhos. E eu vou falar de sua
história para todos aqueles que vão me ouvir.
Quando eu quiser reclamar sobre minha vida
eu vou lembrar da luta da Dona Marta e Senhora Fransquinha que representa todas
as mulheres do interior do Ceará. Eu vou
lembrar do dia quando Dona Marta me ensinou como lavar minhas roupas usando
minhas mãos, e como Dona Fransquinha me ensinou a fazer queijo e cozinhar no
fogão a lenha. Elas me mostraram a
grande determinação e superação das mulheres e pelo exemplo das mulheres do
Ceará eu vi que nosso amor é maior do que nossa luta.
Quando eu quiser fechar as portas da minha
casa e do meu coração eu vou lembrar da hospitalidade de todos os Cearenses-
especialmente minhas colegas de casa- a família da Arneide, Ednaldo e Nicelly,
Evilene, Aurenir, Lucia, Maraiza e Ainoan.
E os outros que guardaram uma cama ou rede pra mim- Pastor Aureo e
Ruthe, Carlos e Tine, Dona Luiza, da família Andrade, da família Teixeira, Jose
Alfredo e Dona Marta.
E quando eu perder minha fé eu vou pensar
sobre Professor Manoel Andrade. Eu não
tenho palavras para explicar o grande impacto que o Andrade fez em minha
vida. Pelo exemplo dele, ele me mostrou
como viver pela graça, caminhar pela fé, e servir por amor. Nada que eu posso fazer ou dizer é suficiente
para mostrar quanto eu te agradeço.
Durante os 2 anos eu caminhei e troquei
experiências com vocês, eu aprendi muitas coisas. Eu vou voltar aos Estados Unidos como uma
pessoa diferente- uma pessoa melhor- porque todos vocês fazem parte da minha
vida. Agora eu me sinto muito mais
completa porque eu conheço vocês, e conheço o movimento educacional mais lindo
do mundo, a escola que cria um novo caminho e o país onde, como o Presidente
Lula disse, “nossa alegria é maior do que a nossa dor, nossa força é maior do
que a nossa miséria, e nossa esperança é maior do que o nosso medo." Por isso, você pode acreditar que eu vou
voltar sempre.
Por Aurenir Luz
Os amigos são
pássaros
inquietos que vão
mas nem sempre voltam para perto da gente.
Alguns servem apenas para voos mais próximos
como ir conosco até a
outra margem do rio, colher umas sementes e depois somem. Destes guardamos as
parcas recordações
do pouco que nos deixou desfrutar.
Há
outros que, mesmo ficando pouco tempo por perto, ao irem embora deixam marcas e
saudades; uma vontade imensa de refazer os papos no fim de tarde ou de ouvir
novamente os planos que tinha antes de sair de nossa vida.
Há
ainda amigos que são
pássaros
fiéis
que vão
e voltam, que nos levam no peito e nos trazem na alma, que desejam sempre nos
rever na próxima
estação.
Nem sempre moram perto mas sempre dão
um jeito de estar próximo,
de saber e enviar notícias.
Há
também
amigos sonhadores cujo plano de voo é
sempre alcançar
distâncias
cada vez maiores; tenho alguns amigos assim, cuja recordação
que tenho já não corresponde
mais ao que são
hoje, amigos que buscaram o que queriam, encontraram o que não
esperavam e vivem intensamente.
Tenho amigos que deixaram cedo seus ninhos
e que encontraram novas moradas mais que nunca
esqueceram de onde saíram;
acho estes, particularmente, especiais.
O que mais marca uma amizade é o
fato de mantê-la
viva apesar da distância,
das novas ocasiões
de cada um, dos novos planos, das novas pessoas que conhecemos e principalmente,
do modo como nos modificamos a cada dia.
Manter um bom amigo é
tarefa bastante árdua
nos dias de hoje: a concorrência
é
tanta que somos capazes de nos distrair por qualquer coisa ao invés
de ter aquela conversa gostosa com um amigo, nem que seja por telefone. E
quanto mais o tempo passa mais difícil
fica para retomar aquela conversa, para saber um do outro.
Aos meus amigos, de perto e de longe, de
ontem e de amanhã
deixo simplesmente a minha alegria em ter conhecido cada um deles, em ter
dividido experiências,
planejado alguns trechos do caminho, ter enfim, vivido.
De todos eles guardo algo, pois sei que
deixaram em mim pequenos traços
de uma vida que só
vale a pena por que é
compartilhada.
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